Moçambique recebe prêmio das Nações Unidas
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- Publicado em sexta, 15 dezembro 2017 10:25
- Escrito por PROMER
Programa de Mercados Rurais promove participação e mais benefícios para as mulheres da região centro-norte do país
Foto 1. Representantes de Moçambique recebendo o prêmio de gênero em Roma©IFAD/Giulio Napolitano
O PROMER - Programa de Promoção de Mercados Rurais, do Governo de Moçambique, recebeu em Roma o prêmio de gênero concedido pelo FIDA - Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola, agência das Nações Unidas. O programa é do Ministério de Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural e foi reconhecido na categoria como o melhor projecto da região da África do Leste e Austral pelo progresso obtido na igualdade de gênero nas comunidades rurais da região centro-norte do país.
A iniciativa de gênero do PROMER está mudando a vida de inúmeras famílias nas províncias de Zambézia, Nampula, Niassa e Cabo Delgado, com intervenções como a alfabetização de adultos, treinamentos de produtoras e comerciantes, intermediação de mercado, serviços financeiros e educação nutricional. Entre os principais resultados, podemos destacar o aumento da participação feminina nas actividades de comercialização agrícola através de contratos entre organizações de produtores e comerciantes. A coordenadora nacional do programa, Carla Honwana relata que “quando o PROMER começou, quase exclusivamente os homens assinavam contratos de comercialização, com apenas 4% dos contratos sendo assinados por mulheres, e com cada produtor recebendo cerca de 56 dólares por contrato. Atualmente, as mulheres assinam 25% dos contratos em que cada produtor recebe em torno de 190 dólares”.
Foto 2. Coordenadora do Promer, Carla Honwana, apresenta a experiência de Moçambique©IFAD/Giulio Napolitano
O acesso aos treinamentos e cursos de alfabetização permitiu que mais mulheres assumissem posição de liderança nas associações de produtores. Em 2011, elas eram líderes em 45% das organizações rurais, índice que subiu para 75% em 2017. Algumas dessas mulheres estão em posição decisória tais como a presidência de associações e uniões.
Além disso, o PROMER está apoiando o desenvolvimento de 448 Grupos Comunitários de Crédito e Poupança que envolvem 7.833 membros, dos quais 4.505 são mulheres (58%). Quarenta e cinco desses grupos são formados exclusivamente por mulheres. O oficial de intermediação de mercados e ponto focal de gênero do programa, Mario Quissico, afirma que “com crédito e poupança, elas são capazes de criar pequenos novos negócios, como comércio de peixe, venda de bolos feitos em casa e costura, que contribuem para aumentar a sua renda e consequentemente melhorar o padrão de vida da família”. Além disso, a alfabetização financeira as capacitou a economizar e adquirir crédito para comprar bens que aliviem sua carga de trabalho – tais como bicicletas ou motocicletas para transportar o produto agrícola ou água e lenha para uso doméstico.
EXPERIÊNCIA COMPARTILHADA
Durante o evento de dois dias (28 e 29/11) na cidade de Roma, os representantes do PROMER tiveram a oportunidade de apresentar sua experiência a participantes de todas as regiões do mundo. Compartilharam informações sobre sua iniciativa de aprendizagem-ação, que é um processo de capacitação e conhecimento sobre igualdade de gênero, e inclui a experimentação pelos participantes de uma intervenção no campo.
Com essa iniciativa, o programa está facilitando actividades de gênero em níveis individual, comunitário e das organizações de produtores e promovendo experiências piloto que tem empoderado as mulheres econômica e socialmente.
Hoje, agricultores e agricultoras conseguem, mais do que participar dos processos de tomada de decisão, tomar decisões baseadas em informação sobre o que e como produzir, quando produzir, o que vender a que preço assim como a quem vender e quando, e como investir a renda obtida com a produção agrícola e as atividades comerciais.
Homens e mulheres foram encorajados a refletir e negociar sobre seus papéis na família e nas actividades produtivas. Mais acesso a informação e conscientização levou a maior unidade e diálogo na família, e resultou na divisão de algumas das tarefas domésticas, acesso e controle de recursos pelas mulheres, gradualmente transformando as normas socioculturais, e possibilitando às mulheres terem mais voz, oportunidades e benefícios.